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NADH: Mitos e Realidades Sobre um Cofator Essencial

O NADH (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo Hidreto) é uma molécula fundamental no metabolismo energético e na biologia celular. A popularidade, principalmente na forma de suplementos, tem gerado uma série de mitos e desinformações sobre os benefícios e malefícios.


Neste artigo, exploraremos o que realmente se sabe sobre o NADH, desmistificando as aplicações e revelando os factos científicos que sustentam a sua importância.



O que é a NADH?

O NADH é a forma reduzida do NAD⁺ (Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo), uma coenzima encontrada em todas as células vivas. Ela participa de reações bioquímicas de oxirredução, nas quais, transfere elétrões e prótões, desempenhando um papel central na produção de energia.


Estrutura:

  • O NADH é composto por dois nucleotídeos, ligados por unidades de fosfato: um contém nicotinamida e o outro adenina.


Qual o Papel Biológico:


O NADH atua como uma bateria de energia nas células, transportando elétrões de uma molécula para outra, essencial para que haja reações metabólicas e mantenham o funcionamento do organismo.


Funções do NADH no Organismo Humano


  1. Produção de Energia:

    • O NADH é essencial para a produção de ATP, a principal fonte energética do corpo, durante a respiração celular.

    • Na cadeia transportadora de elétrões, os elétrões do NADH são utilizados para bombear prótões através da membrana mitocondrial interna, criando um gradiente de prótões que impulsiona a síntese de ATP.


  2. Manutenção do Equilíbrio:

    • O NADH mantém o equilíbrio entre estados oxidativos e redutores, protegendo as células contra os danos causados pelo stress oxidativo.


  3. Ativação de Enzimas Metabólicas:

    • Muitas enzimas dependem do NADH para funcionarem, como aquelas que estão envolvidas na glicólise e no ciclo de Krebs.


  4. Função Biossintética:

    • O NADH é necessário para a biossíntese de moléculas importantes, incluindo lipídios e neurotransmissores como dopamina e serotonina.



Processos Metabólicos Dependentes do NADH


Vários processos metabólicos estão diretamente dependentes do NADH:


  1. Ciclo de Krebs:

    • Durante o ciclo de Krebs, o NAD⁺ é reduzido a NADH, capturando a energia química dos alimentos e preparando-a para a gerar ATP.


  2. Cadeia Transportadora de Elétrões:

    • O NADH transfere elétrões para o complexo I da cadeia transportadora de elétrões, essencial para a respiração aeróbica.


  3. Glicólise:

    • No citoplasma, o NAD⁺ é convertido em NADH durante a degradação da glicose em piruvato.


  4. Beta-Oxidação de Ácidos Gordos:

    • A oxidação de ácidos gordos nas mitocôndrias produz NADH, que contribui para a síntese de ATP.


  5. Reações Anabólicas:

    • O NADH participa da síntese de biomoléculas, como colesterol e nucleotídeos.


Como o NADH Funciona no Corpo Humano?


O NADH circula continuamente entre a forma reduzida (NADH) e oxidada (NAD⁺), permitindo a transferência de energia e a regulação de processos celulares.

Este ciclo é essencial para:


  1. Respiração Celular:

    • O NADH é produzido em processos como glicólise, ciclo de Krebs e beta-oxidação, sendo posteriormente oxidado na cadeia transportadora de elétrões para gerar ATP.


  2. Homeostase:

    • A relação entre NAD⁺ e NADH regula várias vias metabólicas e a resposta ao stress oxidativo.


  3. Sinalização Celular:

    • O NADH influência as vias metabólicas e a expressão genética, regulando processos como inflamação e envelhecimento.


Necessidade de Quantidades Adequadas de NADH

Manter níveis adequados de NADH é crucial para o bom funcionamento celular. O equilíbrio entre NAD⁺ e NADH é essencial para:


  • Produção Energética Ótima: Baixos níveis de NADH podem comprometer a produção de ATP, levando à fadiga.


  • Proteção Contra stress Oxidativo: Um desequilíbrio na relação NAD⁺/NADH pode aumentar a suscetibilidade a danos celulares.


Fontes Naturais:

O NAD⁺ e o NADH são sintetizados no organismo a partir de precursores, como a niacina (vitamina B3). Alimentos ricos em niacina incluem:

  • Carnes magras

  • Peixes

  • Cereais integrais

  • Amendoim


Consequências da Diminuição de NADH no Organismo

A redução dos níveis de NADH pode ter implicações graves para a saúde, incluindo:


  1. Fadiga Crónica:

    • A diminuição da produção de energia leva a cansaço extremo e à incapacidade de sustentar atividades metabólicas normais.


  2. Envelhecimento Celular:

    • Com a idade, os níveis de NADH declinam naturalmente, contribuindo para a disfunção mitocondrial e o envelhecimento.


  3. Doenças Metabólicas:

    • Condições como diabetes tipo 2 e obesidade estão associadas à redução da relação NAD⁺/NADH, afetando a regulação metabólica.


  4. Neurodegeneração:

    • Níveis reduzidos de NADH estão ligados a doenças como Alzheimer e Parkinson, devido ao comprometimento energético e ao aumento do stress oxidativo.


  5. Danos ao DNA:

    • A diminuição de NADH pode enfraquecer os mecanismos de reparação do DNA, aumentando o risco de mutações e doenças crónicas.



Mitos Sobre o NADH


1. "NADH melhora a energia e o desempenho físico imediatamente"

Esse é um dos mitos mais disseminados. A suplementação de NADH é comercializada como uma solução rápida para aumentar os níveis de energia. No entanto, as evidências científicas não confirmam essa eficácia para indivíduos saudáveis.


O Que Diz a Ciência:

  • Um estudo publicado no Journal of Alternative and Complementary Medicine (2004) mostrou que pacientes com síndrome de fadiga crónica que receberam NADH relataram melhorias leves, mas os efeitos não foram consistentes em todas as populações estudadas.

  • Em indivíduos saudáveis, o corpo já produz NADH suficiente para atender às demandas metabólicas normais.


2. "NADH reverte o envelhecimento"

O envelhecimento está associado à redução dos níveis de NAD⁺ e NADH, o que levou à especulação de que suplementar NADH poderia "reverter" o envelhecimento.

Embora a ciência reconheça que a restauração dos níveis de NAD⁺ tem potencial em modelos animais, a suplementação direta de NADH apresenta limitações.


Evidência Científica:

  • Estudos como os publicados em Nature Communications (2016) e Cell Metabolism (2018) demonstram que precursores de NAD⁺ (como NMN e NR) ajudam a melhorar marcadores de envelhecimento, mas não há evidência de que o NADH isolado tenha o mesmo efeito.


3. "NADH é um tratamento eficaz para doenças neurológicas"

O NADH tem sido investigado pelo potencial em doenças como Parkinson e Alzheimer. Estudos iniciais sugerem que pode melhorar os sintomas mas esses efeitos, ainda são limitados e não substituem tratamentos convencionais.


Estudos Importantes:

  • Pesquisas publicadas no Journal of Clinical Biochemistry and Nutrition (2015) apontaram que a combinação de NADH com coenzima Q10 trouxe benefícios modestos em pacientes com Parkinson, mas a eficácia foi transitória.


4. "O NADH é totalmente seguro e sem efeitos colaterais"

Embora geralmente considerada segura, a suplementação de NADH pode causar efeitos colaterais leves em indivíduos, como insónia, ansiedade, náuseas e dores de cabeça.

Ansiedade ou alterações tirodeias.



Realidades Sobre o NADH


1. Papel Crítico no Metabolismo Energético

O NADH é essencial no ciclo de Krebs, onde participa da oxidação de nutrientes e do transporte de elétrões para a cadeia respiratória mitocondrial. Resultando na produção de ATP, a principal fonte de energia para as células.


2. Declínio dos Níveis de NAD⁺/NADH com a Idade

Pesquisas mostraram que os níveis de NAD⁺ e NADH diminuem com o envelhecimento, contribuindo para disfunções mitocondriais, stress oxidativo e doenças relacionadas à idade. Essa descoberta motivou a procura por intervenções terapêuticas.


3. Benefícios Terapêuticos em Doenças Específicas


  • Síndrome de Fadiga Crónica: Estudos sugerem benefícios modestos em sintomas de fadiga.


  • Doenças Neurodegenerativas: Potenciais benefícios em Parkinson e Alzheimer foram observados em estudos iniciais.


  • Doenças Cardiovasculares: Efeitos antioxidantes podem reduzir o stress oxidativo.


4. Suplementação e Biodisponibilidade


Apesar de seu papel biológico crítico, a suplementação de NADH apresenta desafios:

  1. Biodisponibilidade Limitada: A maioria das moléculas de NADH administradas por via oral não alcança a circulação sistêmica em concentrações significativas.

  2. Resultados Inconsistentes: Estudos apresentam resultados variáveis, especialmente em populações saudáveis.

  3. Falta de Estudos de Longo Prazo: Não se sabe como a suplementação crônica pode afetar a saúde metabólica e geral.




Fontes Naturais e Estilo de Vida

Para manter níveis adequados de NADH, deve adotar por uma dieta equilibrada e por hábitos saudáveis:


  • Alimentos Ricos em Niacina (Vitamina B3): Carnes magras, peixes, cereais integrais e nozes são excelentes fontes.

  • Triptofano: Encontrado em ovos, leite e sementes.

  • Exercício Físico Regular: Aumenta naturalmente os níveis de NAD⁺ e melhora a função mitocondrial.

  • Restrição Calórica: Estudos mostram que esta prática estimula vias metabólicas que mantêm os níveis de NAD⁺.



Conclusão

O NADH é uma molécula essencial para o metabolismo celular e a produção de energia. Contudo, os benefícios proclamados sobre a suplementação, como aumento instantâneo de energia ou efeitos antienvelhecimento, são muitas vezes exagerados ou mal compreendidos.

Enquanto os estudos preliminares apontam potenciais benefícios terapêuticos em condições específicas, como doenças neurodegenerativas e fadiga crónica, mais pesquisas são necessárias para validar essas alegações.


Adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e atividade física regular, continua a ser a melhor forma de manter os níveis adequados de NADH no organismo.





Referências Científicas

  1. Naviaux, R. K. et al. (2008). "Metabolic features of chronic fatigue syndrome." Annals of the New York Academy of Sciences.

  2. Verdin, E. (2018). "NAD⁺ in aging, metabolism, and neurodegeneration." Cell Metabolism.

  3. Covarrubias, A. J., et al. (2021). "The NAD⁺ metabolism and its role in aging." Frontiers in Aging Neuroscience.

  4. Galindo, F. A., et al. (2015). "Coenzyme Q10 and NADH supplementation in Parkinson's disease." Journal of Clinical Biochemistry and Nutrition.

  5. Yoshino, J., et al. (2018). "NAD⁺ intermediates: The biology and therapeutic potential of NMN and NR." Annual Review of Medicine.

  6. Imai, S. & Guarente, L. (2016). "It takes two to tango: NAD⁺ and sirtuins in aging/longevity control." Nature Reviews Molecular Cell Biology.

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